Aqui não serão
encontradas palavras,
nenhum
verso ou rima.
Apenas
uma folha de papel em branco
e algum
desalento.
22 de Abril.
Este dia
jamais terminou. 
A chuva
começara a cair do lado de fora 
a
anunciar a tragédia aqui dentro. 
Minhas
lágrimas em forma precipitada inundaram 
a cidade.
O barulho dos trovões
ecoou fraco
se comparado à angústia que
expeli pela garganta.
O vento levou minha
indignação aos quatro cantos da cidade 
ao anunciar meu grito de
desespero pelo mundo.
A solidão bateu mais uma
vez a porta, implacável. 
Porém, desta vez não
assenti com sua entrada,
não fizemos café ou algum
mal traçado verso. 
Neste dia atirei-me em
pranto a seus pés e clamei 
para que alguém ouvisse o
conclamar de meu desespero.
Ninguém ouviu. 
Ninguém viu,
ninguém viu meus braços
dilacerados por agulhas 
que cortaram minha alma.
Ninguém viu, 
ninguém viu a frieza do
ato, a coragem do abandono.
Ninguém viu, nem verá.  
22 de Abril. 
Neste dia o verbo amar não
foi conjugado, 
apenas por aqui passaram a
repugna e o 
sentimento de abandono.
Meu ego foi cegado e a
solidão bateu mais uma vez 
a minha porta.
- Pode entrar. 
Quanto vale uma vida?
Nesta folha em branco não
haverá resposta alguma, nenhum 
verbo ou substantivo será
proclamado.
Afinal. 
Nada, é o tema deste poema
em branco. 
22 de abril 
Este dia jamais terá fim. 

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