quarta-feira, 23 de abril de 2014

22 de Abril (O dia que não teve fim)



Aqui não serão encontradas palavras,
nenhum verso ou rima.
Apenas uma folha de papel em branco
e algum desalento.

22 de Abril.
Este dia jamais terminou.
A chuva começara a cair do lado de fora
a anunciar a tragédia aqui dentro.

Minhas lágrimas em forma precipitada inundaram
a cidade.
O barulho dos trovões ecoou fraco
se comparado à angústia que expeli pela garganta.
O vento levou minha indignação aos quatro cantos da cidade
ao anunciar meu grito de desespero pelo mundo.

A solidão bateu mais uma vez a porta, implacável.
Porém, desta vez não assenti com sua entrada,
não fizemos café ou algum mal traçado verso.
Neste dia atirei-me em pranto a seus pés e clamei
para que alguém ouvisse o conclamar de meu desespero.

Ninguém ouviu.

Ninguém viu,
ninguém viu meus braços dilacerados por agulhas
que cortaram minha alma.
Ninguém viu,
ninguém viu a frieza do ato, a coragem do abandono.

Ninguém viu, nem verá. 

22 de Abril.
Neste dia o verbo amar não foi conjugado,
apenas por aqui passaram a repugna e o
sentimento de abandono.

Meu ego foi cegado e a solidão bateu mais uma vez
a minha porta.
- Pode entrar.

Quanto vale uma vida?
Nesta folha em branco não haverá resposta alguma, nenhum
verbo ou substantivo será proclamado.
Afinal.
Nada, é o tema deste poema em branco.

22 de abril
Este dia jamais terá fim.