domingo, 22 de dezembro de 2013

Passarinho

"Ela teimou e enfrentou o mundo se rodopiando ao som dos bandolins." (Oswaldo Montenegro)

Vai passarinho, voa, 
mostra pro mundo a sua verdade bailarina. 

Seja a alma fluida que flutua,
que transcende o corpo
pelo brilho que trás nos olhos
partindo da mente. 

Vai passarinho,voa, 
valsando sua verdade em poesia de corpos,
movimentos finos e gestos raros.  

Usando laços e afetos
para se fazer de pé no palco da vida.  

Vai passarinho, omita o pouso.
Aves reais nascem para viver batendo asas,
ensaiando shows na vastidão dos céus. 

Valse com as estrelas e vá no verão,
mas volte no inverno. 

Vai passarinho, 
     encha o peito de esperança
            e de toda a saudade do ninho,
                  mas volte no inverno, passarinho.
  
                                                  Vai passarinho, VOA!



 

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Entre

Ao grande amigo Vinícius Mahier.

"Tenha cuidado com a solidão, é um vício."
Flaubert 
Está estre.
Estamos entre.

Entre a alma estática de um cavaleiro andante
e o rebuscamento que o esconde.
Estamos.
Entre a singeleza de seus mais puros sentimentos 
e a falta dos mesmos.

Poeta.

Entre a prece mal acabada e uma fé exacerbada.
Cultura personificada.
Entre o dito e as entrelinhas.
Estamos.

Entre os livros e o descrito 
Vinícius 
Póstumos poemas e o erotismo.
Um menino.
Entre os decotes e haicais.
Um homem.

Entre a fé e a descrença
entre a solidão e a companhia 
entre a prosa e os versos.

Nós!

Entre as brigas e conversas 
entre a discordância e a compreensão.
Entre almas perdidas e a nossa inconsolável solidão.
Um milagre.

Passeando pelo seu íntimo 
entre Campos e Minas.
Chegadas e partidas.

Um amigo.
 

                                                                                               

 

 
 
 
 

domingo, 17 de novembro de 2013

Colaboradores - (Vinícius Mahier)

Sou — se me permitem o uso da primeira pessoa, por mais que isso, me parece, diminua aos outros, e a mim, a humildade do texto — sou, não um apaixonado pela literatura, mas um submisso. Minha relação com a linguagem literária é meramente escravocrata. Não tenho anseio próprio. Escrevo porque, se o deixar de fazer, não adoeço, não morro, pelo contrário: posso viver tranquilamente, como qualquer outro — e é isso que me aterroriza! Minhas poesias são, em suma, um eterno desabafo sob o qual me escondo, corajosa ou covardemente, o que, obviamente, à poesia não tem muita diferença. Nem ao teatro, à prosa, aonde às vezes a necessidade me impele. Curso Letras, também, e já temos aqui informações o bastante. Que importa aos outros minha existência superficial, mimética de si mesma, sem relação ao signo? Aliás, sem signo? Não admito! Bem antes da polêmica sobre as biografias, já me censurava. Não me autorizo a escrever sobre mim, e daí nasce a minha arte extremamente pessoal. A total liberdade de expressão é somente um álibi para militar uma bandeira desprovido de arte — e dão o nome a isso, adivinhem?, de arte. Não admito! Técnica e fértil, a autocensura é a nossa grande inspiração.

Vinícius Mahier




sábado, 16 de novembro de 2013

Colaboradores - (R.s. Merces)

Agora no "Seja culto" uma novidade, contaremos com dois colaboradores mensais. Eles prestigiarão o blog com variados estilos textuais e incríveis histórias que valerão a pena conferir. Segue uma pequena biografia, para que eles sejam devidamente apresentados.

R.s. Merces

R.S.Merces (Renan Souza Merces) é um apaixonado por literatura e convive diariamente com milhares de livros, seja em casa ou no emprego na Biblioteca Pública Municipal Djalma Andrade. Começou a escrever para blogs em 2010 e hoje colabora para os blogs Poesia na Alma, Flor de Lis e o site Literatura de Cabeça.
Entre suas leituras favoritas está a literatura fantástica, clássicos e autores como Virginia Woolf, E.M.Forster, entre outros. Além dos livros, não troca nada por um bom filme e encontros literários.
R.S.Merces reside na cidade de Congonhas (Minas Gerais), adora estar com milhões de coisas para fazer e ainda assim busca por minutos de uma agradável leitura.
Em 2013 fundou o Clube do Livro de Congonhas, onde reúne leitores para discussões literárias.

 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Não aguento mais!

Não aguento mais
almejo a vida de volta.
Não aguento mais 
deixar-me abater sem ser forte. 

Não aguento mais. 
Não aguento mais ombros e colos para chorar.
Não aguento mais querer pouco e obter menos ainda.
Não aguento mais. 
Aguento mais! 

Ver um grito de desespero 
tapado pelas gargantas do mundo.
Não aguento mais.

Não aguento mais promessas.
Não aguento mais fugir.
Não aguento mais ser nem existir. 
Não aguento desistir. 

Não aguento mais o choro 
não aguento o eco da solidão, 
nem o cheiro do passado. 
Não aguento mais. 

Não aguento mais morrer 
um pouco por dia. 
E nem mais um dia de terapia. 
Não aguento mais. 

Não aguento mais o fogo queimando meus olhos
nem me queimar em minha própria chama. 
Não aguento mais.

Não aguento mais me tornar cinzas
nem sonhar com uma fênix. 
Não aguento mais. 

Não aguento mais os calos em mãos jovens
nem as doces lembranças e amargos descuidos.
Não aguento mais.

 Não aguento mais aprimorar o suor
 uma interminável labuta.
 Não aguento mais. 

Não aguento mais voltar à vida. 
Não aguento mais.
Não aguento o pouco que é muito.

Não aguento procurar qualquer encantamento. 
Não aguento ver minha vida passar.
Não aguento mais.
Aguento.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

II Encontro de Leitores de Literatura Fantástica de Congonhas







O II Encontro de Leitores de Literatura Fantástica é realizado pela Biblioteca Pública Municipal Djalma Andrade durante a V Semana do Livro e Leitura de Congonhas.
Esse ano o evento propõe explorar o fantástico na literatura brasileira e ainda destaca uma palestra sobre o absurdo na obra de Veronica Stigger. Com foco no público jovem-adulto o encontro traz uma linguagem descontraída e proporciona interação entre os leitores da cidade e região.
A edição anterior, realizada em 2012, contou com a participação do Prof. Cássio Lignani que volta esse ano com mediação de R.S.Merces.

Serviço
Dia: 08/10/2013
Horário: 19h
Local: Biblioteca Pública Municipal Djalma Andrade
Endereço: Rua Alterosa, 25 – Vila Andreza, Congonhas –MG

Confira também programação da V Semana do Livro e Leitura de Congonhas. 



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Filosofão



https://www.facebook.com/photo.php?fbid=555511347830814&set=a.508022619246354.1073741828.508000435915239&type=1&theater

domingo, 15 de setembro de 2013

Chove







Seguro nas mãos cada gota de lágrima
que cai do céu.
O choro bendito dos anjos
lavando a humanidade nos homens.

E chove,
sempre que há a tentativa de quebrar a integridade do ser.
Chove quando a enxurrada leva cada um de meus versos
e quando a tempestade quer nos quebrar.
  
Na chuva de sangue que intenta em minhas veias,
ainda chove.
Chove.
Mas ainda estou de pé,
chove cada vez mais forte
em cada vez que me forço a levantar do chão.

E quando estou bem aqui
assistindo a tudo desaparecer
a rajada do mais puro vento
 trás à tona tudo aquilo que eu costumava conhecer.

E ainda chove.
Chove quando não compreendem a sempre mesma
temática em minhas estrofes,
garoa dor para aqueles que adotaram a solidão como melhor amigo
e, ainda chove...

Chove como a água lavando a escuridão das almas
como os relampejos de dúvidas e incertezas
dos inquietos.

Ainda chove,
apenas chove.
Chove.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Aqui jaz a saudade



Humanidade não significa nada
se você não tem com quem se importar.
E penso nisso quando olho fundo
os olhos de meu pai.
 

Se um dia ele se for
e os noticiários anunciarem sua partida
nada será de mim.
Não serei mais que um corpo em carne viva
e sangrarei lágrimas de orgulho.

Suplicarei em ranger de dentes
as alegrias das tardes de sábado,
a polidez de suas pequenas entradas calvas e
sua voz rouca ao fim de mais um dia de trabalho.

Suas mãos,
sentirei falta de cada calo em suas mãos 
e de como eles me ensinaram o que é trabalho.



Se um dia meu pai se for
serei o monólogo sublime da saudade
e ao luar, rezarei a Deus
por tudo aquilo que nos une

que é bem maior do que o sangue que nos envolve.

Se um dia eu o perder
meu coração palpitará ferido
ao ver em seu inventário
a obra de arte mais preciosa
           seu amor.


Se o véu negro da morte o vier abraçar
implorarei por mais um olhar
e escreverei a mão livre.
Fazendo da tinta meu sangue,
da caneta meus dedos
e do papel sua lápide.

Aqui jaz a saudade.