domingo, 17 de novembro de 2013

Colaboradores - (Vinícius Mahier)

Sou — se me permitem o uso da primeira pessoa, por mais que isso, me parece, diminua aos outros, e a mim, a humildade do texto — sou, não um apaixonado pela literatura, mas um submisso. Minha relação com a linguagem literária é meramente escravocrata. Não tenho anseio próprio. Escrevo porque, se o deixar de fazer, não adoeço, não morro, pelo contrário: posso viver tranquilamente, como qualquer outro — e é isso que me aterroriza! Minhas poesias são, em suma, um eterno desabafo sob o qual me escondo, corajosa ou covardemente, o que, obviamente, à poesia não tem muita diferença. Nem ao teatro, à prosa, aonde às vezes a necessidade me impele. Curso Letras, também, e já temos aqui informações o bastante. Que importa aos outros minha existência superficial, mimética de si mesma, sem relação ao signo? Aliás, sem signo? Não admito! Bem antes da polêmica sobre as biografias, já me censurava. Não me autorizo a escrever sobre mim, e daí nasce a minha arte extremamente pessoal. A total liberdade de expressão é somente um álibi para militar uma bandeira desprovido de arte — e dão o nome a isso, adivinhem?, de arte. Não admito! Técnica e fértil, a autocensura é a nossa grande inspiração.

Vinícius Mahier




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