terça-feira, 7 de janeiro de 2014

UMAS E OUTRAS

Para abrir as postagens de 2014 teremos a estreia do nosso colaborador Vinícius Mahier aqui no blog.


Impessoal
Foi... Foi naquela conversa que eu, enfim, pude entender a razão da vida... Confesso que não me surpreendi. Por que haveria, ora? Surpreendi-me foi com a certeza de sua existência! Ainda acreditava que poderia ser ela um delírio! Razões... Razões... E onde está a Vida nisso tudo? 

Pois concluam, pelo exemplo: Daquela conversa, consigo me lembrar apenas de uma constatação! Sequer de seu surgimento! Sequer de com quem conversei! Um amigo... Minha mãe... Eu mesmo... Não me recordo... Nunca vou recordar! Porque nada vivi ali além de uma defunta constatação!

— Onde está a Vida nisso tudo? Me pergunto de novo, acorrentado à posse de uma constatação libertadora, com cara de verbo mal conjugado! Respondo-me, depressa, sem que eu viva o silêncio necessário da troca de travessões: — No futuro do pretérito, esse tempo impessoal inútil, que insistimos em usar! E usaremos sempre! Meus eus agora entendem de razões... Meus eus também são inúteis!

Melhor seria eu ter dançado aquela música que tocou na escola primária e me distraído dessas razões... Destas razões... Daquela conversa erudita que me empobreceu como Vida! Ao menos, teria vivido, contente, os passos daquele tango triste, sem saber que era triste, sem ter virado depois um tango morno aos passos de uma vida calculada! 

Calculei-me e aqui estou: Uma dízima periódica, com cara de verbo mal traduzido!


Vantagem


A única vantagem da frase feita sobre o argumento é que a primeira é lida.



Trecho de romance


— Eu sempre procurei te fazer feliz, mas só conseguia quando você estava triste. Sua felicidade sempre foi egoísta com as minhas boas intenções.


                                                                                                                                                                                                                Vinícius Mahier