quarta-feira, 5 de março de 2014

Dedos



Que rabiscam na folha a morada
estabelecida e firme no universo.
Que sobre as linhas da juventude sem idade
esvai-se em palavras, apodrece-os.

Dedos que resenham as chagas de suas mãos
que, como as de Jesus em sua humanidade sofredora,
foi julgado.
A firmeza de um lápis expressando a covardia
de uma ânsia rara,
mutilação de sentimentos, e dedos.

Em sua letra de fôrma, a forma mórbida
do que um dia existiu como impressão digital.
E foi destruído, um a um, cada rabisco
daquilo que já não cabia em si.
Sem dedos, e esperança.

Foi acumulando poemas e perdendo polegares,
destruindo possíveis possibilidades e  
se jogando em abismos mentais.

Chorou com a ponta do grafite enquanto desenhava
um jardim em sua alma,
para não dizer que não falei das flores,
como Dalloway não pude, eu mesma comprá-las.   

Não restava-me uma única cutícula propícia 
a arrancar uma acácia que exalasse 
seu perfume sobre a podridão de minhas narinas.

Perdeu tudo,
a alma e a mão, a prolixidade
e a singleza das palavras, afinal,
como não poderia?
Já que a esta altura do poema já não restava-lhe mais
nada, nenhum sentimento ou coração.
Que dirá algum d 




  

Nenhum comentário:

Postar um comentário