Meu
uníssono não soa em harmonia,
minha
harmonia enlouquece
ao ouvir o
relato dos que vivem a par da sociedade.
Julgam-se quem
são os loucos, sendo os próprios.
Qual o
limite? A sanidade ou a razão?
Lobotomizaram
minhas lembranças,
trans-orbitalmente.
Separaram-me
de minha existência
e o vazio
sobrou para arrastar-me
a este
manicômio residencial.
Fiz um
CAPS de lembranças.
Recluso em
minhas paranóias, devaneios e sonhos dilacerados.
Um vivo
que enxerga o mundo com olhos de defunto.
A
linguagem surgiu como forma de redenção,
salvando
minha loucura da sanidade.
Palavras e
versos como cláusulas pétreas.
Abandonar
as metas, os prazos, viver
como
louco.
Desatinado
em minha esquizofrenia
ameaço o
surto, surto.
No espelho
a fronte em psicose encara uma humanidade sofredora.
Em meu
hospital psiquiátrico, o da Rua Dom Silvério
o mesmo da
rua ao lado, e do centro da cidade
e de cada
esquina, de cada rosto exausto pela árida rotina
de ser
“normal”.
Sozinho em
frente ao espelho,
enxergo a
face da loucura.
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