sábado, 8 de junho de 2013

Falha literária

Prévio insensato julgamento
o júri, ao ataque!
Defendera-me advogados do inferno 
à mercê das chamas de um condenado.

Se não há quem haja pecado
qual a razão de seu exército armado?

Talvez eu seja...                               
alma sem vida 
tão ou mais vazia que o vácuo
mera lembrança, ora saudade.

Sou...
Dona das lágrimas mais secas
possuidora de uma mente inquieta 
feita de vidro
estraçalhada em cada pedaço de meu corpo,
jamais com a rigidez de um diamante 
sem calma na alma.

Carrego comigo os mais tristes sentimentos 
carrego na mala as decepções que vivi,
mágoas eu adquiri e,
de tanta amargura me tornei doce
doce para os meus.

Biografo histórias
vasculho passados
arregaço lembranças
erro fatal.

Anseio em homenagear 
falha-me a lembrança do que ocorre 
da crueldade à tona em analisar minúcias do que já se foi.

Mania minha 
trazer de volta o que não deveria sair do lugar 
resgatar passados, meus e de outrem.
Triste engano 

Tornei-me o eco de minha solidão
cada gota de esperança foi seca
vida seca
evaporada pela rudeza do sol das manhãs gélidas de junho.

Já que fala em verso os que falam por emoção
fala em mim a ausência de voz
não mais sinto
tudo o que é sensorial foi arruinado,
um a um 
jogado às traças
não sinto
mas minto
apenas vivo
ou melhor,
existo.


(Mirele Longatti) 


 
 
 

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